Gustavo Frigieri, diretor científico da healthtech, explica como o monitoramento não invasivo das variações de volume/pressão dentro do crânio está proporcionando melhor manejo de pacientes e salvando vidas
Será em 24 de junho, às 11h45, a aula do diretor científico da brain4care, Gustavo Frigieri, “Da PIC para a CIC – complacência intracraniana no manejo de pacientes”, no Simpósio Internacional Einstein de Pacientes Graves. O evento no formato on-line é direcionado a médicos intensivistas, anestesiologistas, cirurgiões, hematologistas, hemoterapeutas, infectologistas, neurologistas, nutrólogos, pediatras, pneumologistas, cardiologistas, emergencistas, clínicos gerais, médicos residentes, enfermeiros, fisioterapeutas e profissionais relacionados à área da saúde.
Frigieri vai falar sobre como o monitoramento não-invasivo das variações de volume/pressão dentro do crânio, uma tecnologia inovadora e disruptiva na medicina, está beneficiando o diagnóstico, manejo e acompanhamento de pacientes. Antes da tecnologia não-invasiva brain4care, dados sobre a pressão intracraniana (PIC ) eram obtidos somente por meio de uma cirurgia para inserir um cateter dentro do cérebro e os riscos desse procedimento para o paciente limitavam seu uso apenas para casos extremos.
Estudos científicos mostram que medir somente a pressão intracraniana não é suficiente como indicador da saúde do cérebro. O interior do crânio é composto de três elementos: tecido, sangue arterial e venoso e líquor. O equilíbrio entre o volume desses elementos e a pressão intracraniana é fundamental para a saúde e é o que chamamos de complacência. É um aspecto tão importante que nosso cérebro tem uma reserva compensatória para manter a pressão intracraniana (PIC) normal em caso de desequilíbrios, como tumores cerebrais, AVCs, hidrocefalia ou mesmo problemas sistêmicos como doenças nos rins, fígado e coração. “Se os especialistas olharem apenas para o valor da PIC, ela estará normal até essa reserva compensatória acabar. Mas, se verificarmos a complacência intracraniana, vamos saber que existe algo errado antes da reserva compensatória do cérebro se exaurir e do agravamento dos sintomas do paciente”, explica Frigieri.
inovadora e disruptiva
É justamente a monitorização da complacência intracraniana (CIC) que a tecnologia brain4care entrega. Por meio de uma faixa em torno da cabeça do paciente, um sensor capta as pequenas deformações do crânio que são enviadas para a cloud da brain4care, onde um algoritmo transforma os pulsos da pressão intracraniana em números, permitindo a análise visual desses pulsos e, também, a avaliação numérica da complacência intracraniana, por meio da relação entre os subcomponentes desse pulso, conhecido como P1 e P2. Tudo isso em tempo real, em menos de um minuto, aparece na tela de um dispositivo conectado ao sensor brain4care à internet. Apesar da ciência já ter conhecimento da importância da complacência, o método invasivo dificultava a utilização desse dado.
Entre os casos que serão apresentados no Simpósio estão desde o uso do monitoramento não-invasivo em pacientes com hidrocefalia que precisam regular a válvula que controla a quantidade de líquor no cérebro, garantindo sua saúde, até em pacientes em hemodiálise. São casos representativos de como a tecnologia está sendo utilizada nos hospitais. Em pacientes em hemodiálise, uma pesquisa* com 5 mil monitorizações foi realizada para descobrir por que muitos deles chegavam para fazer o procedimento com quadro de confusão mental. A tecnologia não-invasiva de monitoramento permitiu aos pesquisadores verificar que as ondas da PIC estavam alteradas, indicando redução da complacência intracraniana, e que depois da hemodiálise voltavam ao normal. Com um método invasivo seria impossível realizar esse estudo.
como tudo começou
O desenvolvimento da tecnologia brain4care foi possível graças aos estudos do Professor Sérgio Mascarenhas de Oliveira (1928 -2021), físico e químico brasileiro reconhecido por sua atuação em ciência e educação. Diagnosticado em 2005, aos 77 anos, com hidrocefalia, doença que provoca acúmulo de líquor em cavidades do cérebro, Mascarenhas fez uma cirurgia para implantar uma válvula que drena o excesso de líquido e retornou à sua vida normal. Movido pelo inconformismo com os procedimentos invasivos, realizou experimentos que provaram que o crânio é expansível e que suas deformações podem ser captadas por fora. O resultado derrubou um dos pilares da Doutrina de Monro-Kellie, estabelecida há 200 anos. A partir de sua descoberta, Mascarenhas desenvolveu a tecnologia brain4care.
sobre a brain4care
Com o propósito de desafiar os limites da medicina para vivenciar histórias de saúde e felicidade, a brain4care é uma healthtech brasileira de impacto global que desenvolve e aplica tecnologia pioneira de monitoramento não invasivo das variações de volume/pressão dentro do crânio, também conhecida como complacência intracraniana (CIC). Sua missão é reduzir a dor e o sofrimento de milhões de pessoas estabelecendo um novo sinal vital, acessível a todos, em qualquer lugar, sempre que for preciso.
Escolhida pela Singularity University para ser acelerada, entre mais de 500 candidatas de todo mundo em 2017, a tecnologia brain4care oferece acesso universal à CIC, um indicador de saúde neurológica cujo comprometimento leva à disfunção cerebral, que é a primeira causa de invalidez e a segunda de mortes no mundo*. Em um contexto multimodal, permite que médicos e equipes melhorem a pertinência nos cuidados e a segurança do paciente, fornecendo informações adicionais que qualificam o diagnóstico, orientam a terapêutica e indicam a evolução dos distúrbios neurológicos.
Certificada pela Anvisa e disponível comercialmente no Brasil desde 2019, a tecnologia está presente em 14 instituições de saúde em todo país. No Brasil, a healthtech conta com escritórios em São Paulo e São Carlos, e nos Estados Unidos, em Atlanta.
(*) The global burden of neurological disorders – The Lancet Neurology
Da PIC para a CIC – complacência intracraniana no manejo de pacientes
Gustavo Frigieri, diretor científico da brain4care, 24 de junho, às 11h45, no Simpósio Internacional Einstein de Pacientes Graves (evento on-line, de 22 a 25 junho)
*Uso de forma de onda de pulso de pressão intracraniana não invasiva para monitorar pacientes com doença renal em estágio terminal (ESRD)
https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2020.09.30.320085v1.abstract